terça-feira, 1 de novembro de 2011

Post nº 700, ou Crónica* de uma gaja num curso de gajos

*ou algo parecido com uma.

É certo e sabido que o mundo da informática não é propriamente povoado por mulheres, e basta olhar para as listas de colocados do ensino superior para confirmar isso.
Faço parte dessa baixa percentagem. É estranho, às vezes é bom, outras vezes é mau, outras vezes é péssimo - e possivelmente vou salientar aqui a parte má e péssima, simplesmente porque sou o pessimismo em pessoa. Mas também ninguém vem aqui ler, so we're cool.

As poucas raparigas de um curso de gajos (e estou a falar da minha experiência, não vamos generalizar) dividem-se em 3 géneros: As que falam com toda a gente, mas que eventualmente se juntam num grupinho reservado; As extrovertidas e/ou sociais, que se dão bem tanto com os rapazes como com as raparigas, que vão a todas as festas e bebem tanto ou mais que eles, e que eventualmente arranjam um namorado no meio de todos os rapazes disponíveis. E as anti-sociais/tímidas. Como eu. Que se juntam aos grupos de conversa qual amiba, ouvindo as piadas e rindo em conjunto, e dizendo uma ou duas palavras assim raramente.

E para este último género, sim, ser gaja num curso de gajos é difícil. Porque se por um lado as raparigas são algo complexo em questões de amizade, por outro lado existem muito mais elementos em comum entre duas raparigas do que entre uma rapariga e um rapaz. E enquanto observamos as nossas amigas que escolheram um curso superior mais "feminino" a terem companhia para saídas à noite e passeios pelas lojas, nós ficamos aqui em frente ao computador, a jogar ou a programar. Ou os dois, quando se domina a arte do multi-tasking.

Apesar de tudo, às vezes é bom. Muitos rapazes ainda possuem um pingo de cavalheirismo que os faz deixarem-me passar à frente na fila do almoço. Ou deixarem-me entrar na sala antes deles. Ou até incluirem-me nas conversas e nas brincadeiras.

Outras vezes é mau. Quando o assunto da conversa descai para o futebol. Quando chega a parte de trabalhar em grupo - e aí sim, muitos são esquisitos.

Outras vezes é péssimo. Quando ninguém se dá ao trabalho de levantar a cabeça para me dizer bom dia. Ou chegam ao pé do grupo e apertam a mão a todos - e acenam-me para me cumprimentar. Ou quando certos dias não digo uma única palavra - desde que chego até acabarem as aulas - e ninguém repara, tal como ninguém repara se estou mais em baixo ou se estou doente.

E é assim. A minha experiência no ensino superior não está a ser propriamente rica em termos sociais. Mas também, uma vida social não se compara ao facto de estar a estudar o que gosto. E não me vai dar um emprego daqui a uns anos.

[Edit: Esqueci-me de mencionar o mundo das piadas geeks, que se revelou desde que entrei na universidade, e que já me proporcionou uma boas gargalhadas - que muita gente não compreende]

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