terça-feira, 14 de agosto de 2012

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O meu quarto de Lisboa é o quarto que eu sempre quis ter. Uma cama pequenina, uma estante para os meus livros, uma secretária para o meu computador, uma janela que posso abrir a toda a hora para deixar entrar o sol, ao contrário do quarto húmido cujas portadas fazem uma barulheira a abrir e que só serve mesmo para dormir lá da terra. O meu quarto em Lisboa é apesar de tudo o quarto mais impessoal que já viram. Não tem fotografias na parede nem em molduras, apenas três telas compradas nos chineses há muito tempo, um souvenir que me trouxeram da Grécia, conchinhas da praia do ano passado e libras de Inglaterra. Then again, as poucas fotografias que tenho que valiam a pena imprimir para por numa moldura, têm outras pessoas lá, e parece que me custa imprimir a cara de outras pessoas, é como se lhes estivesse a roubar um bocadinho da privacidade.

Hoje fartei-me de conversar e se por um lado soube bem, por outro deu-me imenso que pensar. Estou farta de ter demasiado tempo para pensar. Devia mesmo ter mandado um CV para estágios de Verão. Não o fiz porque queria "aproveitar as férias". O caraças, é que estou a aproveitar. Apetece-me ir à praia, mas levantou-se a questão no outro dia. Como é possivel irmos à água e deixar os objectos pessoais dentro da mochila? Nunca pensei nisso e agora tenho um bocadinho de medo. 

Podia ter aproveitado este Verão para fazer alguma coisa artística ou voltar a fotografar. Mas a triste verdade é que se não posso estar com o meu namorado acabo por não ter motivação para sair de casa. Só mesmo para ir fazer uma caminhada, e mesmo assim preciso de uns bons minutos para ganhar coragem.

Sobre as caminhadas. Relativamente perto da minha casa existe uma área aberta - tipo um parque de estacionamento, todo de cimento, mas onde não entram quase carros nenhums - onde as pessoas vão correr, caminhar, andar de patins, bicicleta, skate, andar nos aparelhos de ginastica - daqueles de ferro que se encontram por vezes em parques - ou lançar papagaios (sim, acho que ja vi isso uma vez). Por duas vezes que me resolvi a fazer uma caminhada até la. E é só mesmo caminhada porque esqueço-me sempre de trazer as calças de fato de treino lá da terra para começar a tentar umas corridinhas. Ainda assim, já fiz a caminhada até lá duas vezes. Custa-me imenso arranjar coragem para lá ir porque ida e volta ainda sao uns bons 2 ou 3 km. Mas no final sabe bem, porque, não me perguntem porquê, consigo não pensar em absolutamente nada. É como se os pensamentos fossem o vento que assobia nos meus ouvidos. Eu ouço-os, sei que estão lá, mas passam a correr, não me dão tempo de concentrar. E no final, foi mais de meia hora gasta de forma diferente, foram umas quantas calorias perdidas, são os musculos das pernas aos espasmos devido à actividade, e sou eu a sentir-me outra.

Hoje fui passear e consegui não comer um gelado. Fartei-me de andar e conversar e estou cansada. Comprei um chocolate preto de culinária e comi duas tirinhas e soube-me mesmo bem. Infelizmente tive de o esconder no armário da cozinha, porque se estiver à vista não sobrevive uma hora. Também tive de esconder o frasco grande de maionese na gaveta do frigorífico, porque se estiver à vista acabo sempre por acompanhar as minhas refeições com uma colherada.

Hoje também aproveitei para fazer uma arrumação ao meu quarto. É incrivel em como menos de 2 anos a viver aqui já consegui acumular uma quantidade enorme de tralha. Deitei coisas inúteis para o lixo, e arrumei roupas e pijamas que já não uso num saco para levar de volta para a terra. Desimpedi uma das gavetas da secretária e agora a tralha que restou está um bocadinho mais arrumada. O meu armário também ficou bastante melhor. Deitei fora as canetas que não escrevem. Excepto a que comprei na Disneyland, porque é uma recordação. Ainda tenho que ir arrumar a cozinha. 

Tomei uma decisão, não me agrada muito, mas penso que seja para o meu bem. É um bocado vergonhoso de explicar agora, mas um dia hei-de esclarecer.

Continuo com uma vontade estúpida de ir à praia. Ainda não dei um mergulho este ano.

Ainda bem que ninguém lê o meu blog. Assim posso fazer estes posts sem sentido.

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