quinta-feira, 9 de julho de 2015

Time goes by and it seems like I don't.

Há mais de um mês que não escrevia aqui. Gostava de poder dizer que tenho andado ocupada com mil e uma coisas. Mas na verdade, fisicamente só tenho a implementação da tese para me ocupar. Psicologicamente tenho a cabeça cheia. E sinto que não posso aqui escrever porque estaria sempre a escrever as mesmas coisas cada vez que me sinto em baixo. E porque na minha cabeça vivem pensamentos e medos absolutamente ridículos. Os meus dias vão passando. Às vezes acordo cedo, outras menos cedo. Tomo banho e sigo a rotina matinal e venho para o centro de investigação da faculdade, onde tenho uma sala onde posso trabalhar. Passo dias, ou mais frequentemente, tardes inteiras em frente ao meu portátil a alternar entre escrever código, testar código, distrair-me com o 9gag, o facebook ou a máquina de café do piso de baixo quando começo a ficar cansada. Vou progredindo no meu trabalho e vou enviando e-mails a medo ao meu orientador. Sim, a medo. Eu disse que tinha muitos medos parvos. Mandar e-mails ao meu orientador é um deles. E sim, é um medo parvo porque não tenho razão de queixa dele. A minha cabeça anda sempre a mil à hora, maioritariamente com pensamentos maus. Não vou conseguir acabar a tese. O orientador vai dizer-me que tenho isto tudo mal. Não vou conseguir arranjar um emprego que goste. Etcetra.
Nos dias bons consigo controlar esses pensamentos ao ponto de me levantar da cama, seguir a rotina, sair de casa e fazer o que descrevi acima. Nos dias maus não os consigo controlar, mantêm-me acordada à noite, fazem-me dar voltas na cama, tiram-me qualquer energia e motivação para sair da cama quando o despertador toca. Nesses dias não consigo trabalhar. Durmo até meio da tarde e passo o dia no sofá a procrastinar, a sentir-me inútil e com pena de mim própria e eventualmente vou à mercearia do lado e compro porcarias cheias de açúcar. Ao fim do dia sinto-me ainda pior, e sem sono. E sem sono ainda penso mais coisas. E quanto mais penso, pior me sinto. E o efeito é o de bola de neve.
Eventualmente passa. Mas enquanto não passa fico assim. E uma parte de mim pensa que eu podia simplesmente tentar ser mais forte que tudo. Sair de casa, apanhar ar, e renovar as ideias. A outra parte de mim, a que ganha sempre, pensa "mas para quê?". E então mantenho-me fechada.
Hoje estou no limbo. Consegui sair da cama. Saí de casa. Estou na minha sala no centro de investigação. Mas tenho a cabeça a mil. Tenho trabalho para fazer. E tenho que ir ali ao lado bater à porta e perguntar pelo orientador porque tenho de falar com ele. Mas eu disse que tinha medos estúpidos.

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