sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Stuck.

Sinto-me presa num limbo horrível, sabem?
Já acabei o mestrado. Já entreguei oficialmente a tese (só falta lançarem a nota para poder pedir o diploma).
E já me candidatei a três anúncios de empregos. Para fora de Lisboa. Para fora de Portugal.

Provavelmente há por aí pessoas que se lessem o que escrevi ficariam com vontade de me arrancar a cabeça. Sim, eu sou de informática. Sim, em Portugal há muita oferta de emprego para informática. Mas não, eu não quero associar-me ao tipo de empresas que vejo por aí. Já escrevi aqui sobre isto há uns tempos. Posso estar a ser extremamente naïve, mas recuso-me a acreditar que a minha entrada no mercado de trabalho tenha que ser marcada por horários sem hora de saída, fatinhos bonitos para agradar aos clientes e toda uma filosofia de "o que importa é parecer bem".

Por isso optei por procurar noutros lados. Sempre fui a menina certinha. Nunca chumbei a nada (ok, desisti de duas cadeiras no mestrado, mas não afectou ao ponto de perder um semestre ou um ano). Nunca fui de saídas à noite ou jantaradas ou bebidas. Tentei sempre não gastar demasiado dinheiro aos meus pais nestes anos. Por uma vez que seja, quero fazer algo de diferente. Aventurar-me, afinal de contas, tenho 23 anos e uma vida pela frente. E libertar-me um pouco do facto de ter pessoas da minha área na família que estão sempre a tentar "encaminhar-me" para aquilo que eles querem, que comparam o que faço ao que fizeram. Construir o meu próprio caminho, pronto. E o meu namorado apoia-me (na verdade, consegue estar mais entusiasmado que eu).

Claro que na minha vida nada é minimamente simples. Posto isto, dizer à minha mãe que estou à procura de emprego fora de Portugal é o mesmo que lhe dizer que vou mandar o meu diploma à rua e vou candidatar-me para ir varrer ruas. Não que haja problema nenhum com varrer ruas, se tivesse de o fazer fazia, e agradeço a quem o faz e deixa as ruas circuláveis. Especialmente no Outuno, com folhas a cair por todo o lado.
Adiante. A reacção é como se eu estivesse a dizer o maior disparate do século. Que os salários lá fora são muito bons mas a vida também é mais cara (sim, as duas premissas são verdadeiras, mas eu fiz as contas - sim, arranjei médias de salários e dos custos de vida, e apesar de tudo continua a ser um bocadinho melhor que cá), que posso fazer aqui em Lisboa o que quero fazer lá fora (isto dito pela minha mãe, que não é de informática. E não, não é verdade). E pronto, que me lembre são só dois argumentos, mas ditos naquela voz de mãe quando nos quer fazer sentir mal.

E, guess what, eu sinto.

Não ao ponto de mudar de ideias though.

E pronto. Com isto, estou num limbo horrível. Estou à espera de resposta às candidaturas que enviei (e começo a achar que tenho que ir pregar para outra freguesia). Enquanto espero, não posso fazer mais nada (excepto procurar mais ofertas). Enquanto isso, estou por casa sem fazer nada, e toda a gente me pergunta se já mandei curriculos e se já fui a entrevistas. E eu esquivo-me às perguntas e digo mentiras. É uma merda.
Quero estar entusiasmada por ter uma nova aventura no horizonte (e já pensei demasiado sobre o assunto, já pesei imensos prós e contras, e continua a não me parecer uma coisa tão má quanto a minha mãe pinta), mas só me consigo sentir horrivelmente, como quando uma criança faz asneira na escola e sabe que vai ter que contar aos pais e ouvir um sermão.

Odeio estar neste limbo.

Enfim. O melhor é ir dormir. Quem sabe, daqui a umas horas tenho alguma resposta. A menos que seja feriado ou assim. 


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