quarta-feira, 15 de maio de 2019

Beating travel anxiety, one bullet at a time.

Sobre o facto de ter ido viajar: Viajar, principalmente toda a parte de sair da minha zona de conforto, mexe-me com os nervos.
Viagens para outro continente? Nervos. Viagens para Londres, sítio onde já fui um monte de vezes? Nervos. Apanhar um voo de meia hora e ir passar uns dias ao Porto? Nervos. Ir dois dias para um retiro da empresa? ULTRA-MEGA-HIPER-NERVOS. A sério. Já se tornou uma tradição na véspera das nossas viagens aos Estados Unidos, eu ir para a cama a dizer que "não estou com vontade nenhuma de ir".

No sábado passado fui viajar. O meu namorado estava fora em trabalho e resolvemos cada um apanhar um voo e ir conhecer um destino diferente. 

Claro que assim que marquei o voo o meu cérebro entrou em parafuso - como quando me ponho a correr demasiadas coisas no portátil do trabalho e as ventoinhas começam a funcionar com toda a força e a fazer uma barulheira desgraçada que parece que vai levantar voo - e isto dura normalmente até chegar ao hotel no destino: "E se existe alguma coisa de errada na minha reserva? E se me cancelam o voo? E se o voo atrasa? E se me esqueço de alguma coisa? E se não encontrar maneira de ir do aeroporto para o hotel? E se me meto no avião errado?" (seriously).

Vai daí, uns dias antes do voo de ida resolvi pesquisar "travel anxiety" no Google. E encontrei um blog post de uma rapariga que fez uma pausa sabática para ir viajar sozinha (gostava de pôr o link aqui, mas não consigo encontrar). Uma das dicas era sobre ter pelo menos um plano para o primeiro dia - o que fazer a partir do momento em que o avião aterra no destino. Vai daí, peguei nessa dica e dei-lhe a volta: para tentar acalmar a minha ansiedade, resolvi planear e controlar tudo o que me era possível controlar até ao momento de me sentar no avião e apertar o cinto:

- Dois dias antes da partida já tinha tirado a mala do sítio onde costuma estar arrumada e já tinha separado maior parte da roupa para levar
- Fiz uma lista de coisas para meter na mala, o mais detalhada possível - tipo "Camisola bege", "tshirt com o logo da empresa", etc. Depois dupliquei essa mesma lista e pus a cópia dentro da mala - para confirmar, no dia de regresso, que não me esquecia de nada no hotel. Heads up: não olhei sequer para o duplicado porque era uma viagem pequena e eu não levava assim tanta coisa. Foi uma mera questão de sentir que tinha tudo controlado.
- Com isto, na véspera, só precisei de colocar meia dúzia de coisas que faltavam na mala e ir riscando os itens da lista.
- Planeei toda a minha manhã da partida no calendário do Google. Literalmente, adicionei eventos do género "Despachar-me", "Verificar que tenho tudo", "Chamar o Uber para o aeroporto".
- Fiz uma lista das "last minute things" a verificar antes de sair: Tenho o cartão de embarque, tenho tudo na mala, tenho o cartão de cidadão.
- Por fim - e esta é a parte mais parvinha - fiz um plano de o que fazer desde o momento em que entrasse no aeroporto (usei o Google Keep para fazer uma check list, mas acho que nem sequer olhei para ela): Primeiro passar na segurança, depois ir ao sitio X comprar alguma coisa para comer, depois ir ao sítio Y buscar café, depois sentar-me à espera de anunciarem a gate, e depois ir para a gate.

Correu tudo bem. O voo saiu a horas. Encontrei-me com o meu namorado sem problemas. Chegámos ao hotel sem problemas. Não houve problemas no regresso. Acho que vou continuar a ter ansiedade antes de qualquer viagem, porque eu sou assim. Mas ao menos aprendi algumas técnicas de coping.

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