Há mais de 2 meses que não escrevo aqui no blog. Nem sequer é falta de vontade de escrever - simplesmente tenho estado em modo "survive another day", e a última coisa que me lembro é de abrir o blogger e escrever o que me vai na alma.
Em compensação tenho escrito imenso à mão.
Com toda a minha ansiedade do coronavirus, nem sequer mencionei por aqui o facto de ter recebido uma proposta de emprego. Sim, no dia 13 de Março (sexta-feira 13, ainda por cima), recebi um telefonema com uma proposta. Aceitei-a na segunda feira seguinte. Nessa altura, já toda a empresa estava a trabalhar a partir de casa. Foi tudo processado online. Assinei o contrato digitalmente. O meu primeiro dia foi em casa, em frente ao portátil, a conhecer a minha equipa através de uma webcam.
Já lá vão 3 meses. Está tudo a correr bem. Mas o impostor syndrome é uma merda.
Os meus vizinhos de baixo, durante a quarentena, passaram de "chatos" a "completos atrasados mentais sem qualquer consideração pelos outros", entre música aos berros, churrascadas que me deixaram a casa e a roupa a cheirar a fumo, convívios e festas (sim, em pleno estado de emergência) até às 2 da manhã.
Vimos finalmente os nossos pais quando começou o desconfinamento. Também já voltei a passear na Baixa (não recomendo. Demasiada gente. Deixou-me um bocado nervosa.)
Com o desconfinamento, também começámos à procura de uma nova casa. Conseguimos. Mudamo-nos daqui a uns dias. Vou ter um escritório só para mim - nunca mais vou ter que trabalhar sentada no sofá. Pelo menos não por falta de alternativa.
Continuo com sintomas variados de ansiedade, e a hipocondria associada. Entro em pânico por causa de um sintoma, ando 1-2 dias altamente preocupada e hyper-aware desse sintoma. Depois tenho uma dor de barriga, uma dor de cabeça, ou outra coisa qualquer, e começo a focar-me obsessivamente nesse sintoma, e o anterior desaparece. Rinse and repeat. Já pensei várias vezes em procurar terapia, mas ainda não me sinto com coragem.
Estes últimos dias têm sido passados a arrumar coisas e a planear a mudança. Também não ajuda com a ansiedade, o que é uma merda.
Estamos assim. Ainda um bocadinho em survival mode. A precisar urgentemente de umas férias que sei que não vou ter. A fazer muuuuuuuitos exercícios de respiração para a ansiedade. Vai tudo correr bem, hopefully
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