domingo, 22 de novembro de 2020

Já passaram 3 meses desde o meu último post. É sempre assim - fico imenso tempo sem escrever, e depois venho cá despejar um post gigante com as novidades. Não que haja muitas.

Comprei finalmente o meu primeiro carro. A nova casa veio com garagem de bónus, pelo que finalmente pudemos aumentar a nossa independência. Tenho estado aos poucos a aprender a lidar com esta selva que é o trânsito de Lisboa - conduzo devagar tipo avózinha e evito horas de ponta. Conduzir ainda me causa ansiedade - uma simples ida ao supermercado deixa-me brutalmente cansada - mas é tão bom poder ir às compras e encher o carrinho sem ter de arranjar boleia ou preocupar-me em trazer apenas aquilo que consigo carregar até ao Uber. É bom poder ir visitar os meus pais sem estar dependente de boleias (porque agora esquece lá meter-me no autocarro).

Comprámos mais mobília para a casa. Tenho um escritório funcional, mas ainda não está decorado, nem sinto vontade de o fazer. Tinha toda uma ideia de tornar aquela divisão num sítio confortável e acolhedor para trabalhar, para jogar computador (e finalmente arranjar um computador decente), dedicar-me aos meus arts&crafts, ler.... só que não consegui. Não conseguia visualizar a coisa. Quando nos mudámos para esta casa pensei numa data de coisas que queria naquela divisão (secretária! cadeira de gaming! estantes! máquina de costura! um cadeirão enorme e confortável! um sofá-cama! um puff! estante cheia de livros! prateleiras na parede com molduras!), mas quando chegou a altura de comprar mobília, não me conseguia decidir em absolutamente nada. Então comprei uma secretária, uma cadeira de escritório barata e uma estante do IKEA, e deixei as coisas assim. Já se passaram quase 3 meses, e ainda não me surgiu nenhuma inspiração.

Fui pela primeira vez ao escritório. No início de Setembro (quando o nº de casos de covid estava a começar a subir mas ainda não era alarmante), a minha equipa resolveu passar um dia no escritório. Com secretárias devidamente distanciadas, janelas abertas, máscaras quando não era possível o distanciamento, montes de álcool-gel e medição de temperatura. Foi giro, e um bocado estranho (porque eu comecei este emprego já a trabalhar remotamente e foi a primeira vez que vi os meus colegas em pessoa).

E por fim... entrei numa das minhas fases de andar em baixo. Já não tinha uma destas há algum tempo, e tem estado a custar (principalmente porque nestas alturas tudo o que me apetece fazer é ficar enrolada no sofá a fazer nada, só que tenho que trabalhar e ser produtiva). Deixei de fazer um esforço para sair da cama e vestir-me decentemente antes de começar a trabalhar - simplesmente deixo o despertador tocar até à hora da reunião da manhã, visto um casaco ou uma sweater por cima do pijama, penteio o cabelo com os dedos (e depois ponho os phones por cima) e sento-me à secretária. Há dias em que parece que perco a capacidade de pensar, e fico tempos infinitos a olhar para o ecrã, a tentar avançar com as minhas tarefas, mas parece impossível. Tenho-me desleixado imenso com a alimentação e coisas básicas como regar as plantas, ou hidratar a pele, ou tratar do cabelo. Em compensação, tenho escrito imenso à mão, num caderninho que inaugurei há alguns anos também durante uma fase destas. Tenho tentado passar para o papel tudo o que me vai na cabeça, o que é complicado porque isto às vezes parece um conjunto de luzes de Natal guardadas desde o ano passado: O fio todo enrolado, as pontas desapareceram lá pelo meio e parece impossível desenrolar tudo e tornar as luzes utilizáveis. 

Eventualmente vai tudo ficar melhor, mas por enquanto só consigo lidar com um dia de cada vez

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