domingo, 12 de setembro de 2021

Da Feira do Livro

A semana passada resolvi ir à feira do livro de Lisboa, e saí de lá desconsolada. Sabem, eu gosto de ir para a feira do livro descobrir livros. Gosto de correr as bancas todas, ver as promoções, escolher qualquer coisa diferente. Cuscar os alfarrabistas e os livros usados e ver se descubro alguma coisa engraçada (bandas desenhadas da Turma da Mônica <3). Este ano queria fazer o mesmo (o ano passado não me arrisquei a ir). Pensei que indo às 7 da tarde de um domingo me ia permitir fazer isso, sabem, sem confusões, com calma, sem multidões.

Big, big mistake.

Primeiro, porque toda a gente resolveu ir à mesma hora. Segundo, porque o formato da Feira do Livro manteve-se igualzinho a todos os outros anos, e esse formato não é o melhor no contexto do covid, porque:

1. A largura dos corredores não permite manter distanciamento social. Eu sei, eu sei, os corredores estreitos permitem que uma pessoa fique ali no meio e só precise de olhar para a esquerda e para a direita para ter uma ideia do que está em cada banca. Só que ficou péssimo. Tudo aglomerado. Zero distanciamento social.

2. Havia bancas de comida no meio das bancas de livros. É gelados. É crepes. É cachorros. É farturas. Banca sim banca não. Lá está, isto funcionava antes do covid. Agora é só péssimo. A malta vai comprar uma fartura, tira a máscara para comer a fartura, e enquanto come a dita fartura, resolve passear pelo meio das bancas para ver mais livros. Sem máscara. No meio dos outros visitantes. Eu percebia se fossem bancas a vender água e pouco mais, porque correr o Parque Eduardo VII é cansativo e estava imenso calor, mas assim é só estúpido.

3. Havia zero controlo de entradas e saídas. Eu sei, é um evento ao ar livre, yada yada yada. Mas se não há controlos e a malta anda toda à molhada lá dentro...

4. A malta entrou em modo "Não tive festivais de Verão nem Santos Populares, então vou usar a Feira do Livro como Festa do Ano, afinal de contas até tem tasquinhas de comida e farturas e tudo". Oh. Meu. Deus. A sério. Era malta a tirar selfies, ou a tirar fotos random às bancas de livros. Era malta a fazer filas para as barraquinhas de comida (aquelas no meio dos livros, sim). Era malta a levar a família toda, apesar de só 1 pessoa estar minimamente interessada em livros e o resto da malta passar o tempo a arrastar-se pelos corredores, a bloquear o acesso a maior parte das bancas (e a tirar a máscara para ir comer gelados e farturas, claro)

Resultado: Ao início ainda estava convicta em ver os livros com calma (dentro dos possíveis), mas passado um bocado simplesmente caguei. 

Entre o calor e a falta de normas de higiene, perdi completamente a vontade de continuar ali e vim embora. Desconsolada.

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